A República de Platão é o livro mais conhecido do filósofo grego. Contudo, em "O Banquete", também conhecido como Simpósio, Platão vai discutir as naturezas do amor e da alma.
Na Educação, o Ministro é João Costa. Como qualquer um de nós, se cuspido para estas lides, apresenta motivos de elogio e reúne quesitos para crítica contundente. Para (único) Secretário de Estado da Educação, foi designado António de Oliveira Leite.
Comecemos pelo essencial: o sistema educativo precisa de rotina e previsibilidade. A sanha (pseudo)reformista, assente num experimentalismo patológico, introduziu entorses e deformações várias. Urge devolver ao setor o realismo pragmático e securizante dos ousados.
Se a Educação não deve estar refém dos (legítimos) interesses dos professores, não será menos verdade que não pode estar sujeito às chantagens inconfessáveis de outras organizações corporativistas. Na última década - para ser generoso - os docentes, a pretexto de pífias laborações imediatistas, foram, consecutiva e invariavelmente, servidos em mal urdidas bandejas de sacrifício, descaradamente conotadas com populismos alimentados pelo ódio e inveja sociais. Nada de novo numa nação cuja religião assenta na cobiça do mérito alheio.
Em resumo, como em qualquer outra área nevrálgica do país, nenhuma mudança, genuinamente transformadora, poderá ser feita contra os seus profissionais. É dos livros. Não é preciso ir a Coimbra para entender...
Sem necessidade de elencar a recensão abreviada dos mais sonsos disparates cometidos, em Portugal, em tão crucial setor para o devir das futuras gerações, arrisco conceder o benefício da dúvida. Bem sei que não está na moda, neste mundo de certezas instantâneas e inabaláveis, atrevermo-nos a dar um benefício. Muito mais o da dúvida. Mas eu aceito fazê-lo. Porque há um futuro por assegurar. E ninguém tem o direito de se colocar à margem da solução.
Do que ouvi. Com quem conversei. De todos, escutei razões para não exluir ou estigmatizar. Bem sei que os Professores têm sido - e aqui não há inocentes - vítimas de toda a sorte de abusos e iniquidades. É tempo de pacificar o tom da conversa. O instituto da PALAVRA pode muito até porque a PALAVRA precede a AÇÃO.
Por maiores e mais graves que tenha sido as negligências e omissões dos sindicatos tradicionais, que até têm procrastinado a renovação das suas lideranças, cumpre reconhecer o seu inestimável papel na valorização da Escola Pública. Sem eles, tudo fica mais difícil.
Por outro lado, existe uma pedra que protelou toda a engrenagem: o reconhecimento de TODO o tempo de serviço prestado pelos professores para efeitos de progressão na carreira. A recusa na procura, ponderada, de uma solução aceitável não permitirá outros compromissos vitais para a qualificação integrada do nosso ensino. Valorizar quem permaneceu no sistema educativo, quando tudo o resto falia, é um imperativo de consciência patriótica. Enjeitá-lo seria uma insensatez que, todos, pagaríamos (demasiado) caro.
Por fim, como professor do 1.º Ciclo, aguardo pelo cumprimento da promessa de António Costa aos monodocentes, que lideram a lista de vítimas de todas as injustiças infligidas aos profissionais da educação desde o início deste século.
Chamem-me romântico. Apelidem-me de lírico. Tanto faz. Até prova em contrário, opto por, sem reservas mentais, ter esperança porque (ainda) arrisco dar o benefício da dúvida.
“A sociedade da informação e do conhecimento coloca novos desafios e exige de todos o domínio de novas competências. É imprescindível que camadas tão amplas quanto possível da população adquiram um conjunto de competências básicas em tecnologias da informação que lhes permitam, em última análise, um exercício pleno dos seus direitos de cidadania. (…)”
Decreto-Lei n.º 140/2001, de 24 de abril.
“(…) É necessário levar a cabo medidas efetivas que evitem a divisão da sociedade entre aqueles que têm acesso à sociedade da informação e aos seus benefícios e os outros que dela estão arredados. Para alcançar este objetivo, é indispensável um conjunto concertado de políticas do sector público que combatam este fenómeno de exclusão. Isto passa em primeiro lugar pela existência de condições de acesso nas escolas e pela formação no local de trabalho. (…)
(…) É fundamental dotar os portugueses, em particular os jovens em formação inicial, de conhecimentos básicos para o uso do potencial da informação e das tecnologias de informação, nas suas profissões ou atividades de lazer. (…)”
In Livro Verde Para a Sociedade da Informação em Portugal, 1997.
Do que está (ainda) por cumprir
PONTO PRÉVIO:As citações em cima, que enquadram o tema deste texto, não são inocentes nem são chamadas à colação por obra e graça do acaso. Ambas - uma de 1997 e outra de 2001 - atestam, apesar de algumas incursões bem intencionadas, o tempo perdido e o muito por cumprir em matéria de capacitação digital da nossa Escola Pública. Mais de duas décadas é, de facto, muito tempo!
A influência da internet nas práticas pedagógicas
A internet, como uma nova dimensão da humanidade, trouxe um impacto inquantificável, mas por certo muito mais revolucionária do que qualquer outra descoberta.
Optei por aqui abordar esta problemática porque sinto a crescente necessidade, a roçar a premência de um imperativo, de observar criticamente formas e meios de ensinar todo e qualquer aluno a avaliar e a gerir a informação que lhe chega. Assim, defendo que a prática pedagógica deverá também, neste domínio, assentar em quatro (decisivos) pilares, que valorizem a aprendizagem: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver em comum e aprender a ser.
Mais do que um espaço privilegiado para a construção sistematizada de conhecimentos, tenho para mim que a ESCOLA deverá aceitar ter como papel fundamental a incumbência de desenvolver nos alunos (e nos professores) o pensamento reflexivo de forma a sermos capazes de pensarmos em soluções criativas e com elas darmos resposta a problemas e desafios novos, que emergem na sociedade de forma exponencial.
Há alguns anos, as crianças brincavam com brinquedos tradicionais, para se divertirem, desenvolvendo desse modo a sua criatividade e as suas capacidades. Atualmente, as crianças, embora não tenham deixado completamente de utilizar os brinquedos tidos por tradicionais, começam, desde muito cedo, a ter acesso a diversos gadgets como fonte de lazer e diversão, e, cada vez mais, a sentirem-se atraídas pela internet, onde é valorizada a sua criatividade e imaginação pois, enquanto se divertem, aprendem a pesquisar nas longas autoestradas virtuais de comunicação, encontrando aí respostas para algumas das suas perguntas.
Mais do que nunca, é necessário acomodar o óbvio: a internet não tem só vantagens e que deve ser utilizada de uma maneira regrada, impedindo, assim, a criança de ter acesso a conteúdos que podem ser nocivos para o seu desenvolvimento. É fundamental que os petizes não sejam abandonadas em frente de um ecrã. Neste particular, a Família deverá estar igualmente habilitada a ser parte da solução. Em contexto de sala de aula, defendo, o docente deverá, por isso, ter o papel de educador, de dinamizador e de orientador da aprendizagem. Assim sendo, estaremos perante uma ferramenta de comunicação importante e singular, que cumprirá potenciar com método e ponderação.
Como referem Serge Pouts-Lajus e Marielle Riché-Magnier “... a simples navegação num universo desestruturado de informações não controladas nem validadas não pode ter, só por si, efeitos positivos em termos de aprendizagem. Todavia, se forem enquadradas num projeto educativo explícito, negociadas com o professor e resultarem em trabalhos individuais ou coletivos, a busca de informação e a coleta de documentos através da Internet podem revelar-se particularmente formadoras”. (Pouts-Lajus e Riché-Magnier, in A Escola na Era da Internet, 1999 :100)
A internet é, pois, um excelente meio de transmissão, aquisição e partilha de conhecimentos, de pesquisa, de descoberta de outras culturas e de aproximação entre pessoas unidas pela diferença, derrubando barreiras de sexo, idade, cor, distância, tempo, cultura e educação. Como bem aponta Teresa Almeida d`Eça, “A Internet abre e alarga horizontes, contribuindo para o desenvolvimento do que habitualmente denomino “elasticidade mental”, atributo necessário à nossa vida diária, pessoal, académica e/ou profissional”. (d`Eça, in NetAprendizagem, 1998:29)
Em consequência - e até muito por força da experiência do ensino remoto/não presencial imposta pela pandemia - reputo de imprescindível um processo de capacitação digital integral, harmonioso, exequível e sustentável para tod@s.
A internet como fator de motivação de alunos e professores
Como multimédia dinâmico, interativo e de renovação diária, terá que ser - se é que já não o será - cada vez mais utilizado na escola. Usá-lo significa aproveitar o seu potencial fascinante, como fator de motivação dos alunos e dos professores.
Nesta nova era em que o professor deixa de ser um agente informador, uma espécie de correia de transmissão do saber enciclopédico e passa a ter uma função mais rica e profunda – formar – entendo que lhe cabe dinamizar situações educativas que utilizem as novas tecnologias da informação e comunicação de forma eficiente, de modo que o ensino se torne dinâmico, instrumental e um fator de socialização. Em consequência - e até muito por força da experiência do ensino remoto/não presencial imposta pela pandemia - reputo de imprescindível um processo de capacitação digital integral, harmonioso, exequível e sustentável para tod@s.
Deste modo, afigura-se necessário que os profissionais da Educação tenham consciência que as tecnologias de informação e de comunicação no ensino multiplicam, entre outras, as possibilidades de pesquisa de informação, pois os equipamentos interativos e multimédia colocam à disposição dos alunos uma fonte inesgotável de informação, permitindo-lhes tornarem-se exploradores ativos do mundo que os envolve.
No entanto, todas estas maravilhas só terão impacto na Educação se os professores estiverem formados para lidar com estas tecnologias de forma a permitirem aos seus alunos uma navegação com segurança, bem como fazê-los perceber que, para viajar pela net, acedendo à informação e ao conhecimento, existem regras de ética e comportamento para respeitar no ciberespaço.
Este é, na verdade, um recurso facilitador do processo de ensino e da aprendizagem, propondo aos alunos contextos mais atrativos, mais motivadores e mais desafiantes. O facto de, por exemplo, combinar texto com imagem, som e/ou animação, torna-a atraente e apelativa. Para os alunos, como refere Teresa Almeida d`Eça, assoma-se um novo paradigma “...porque a Internet/web é um meio de comunicação “novo” na escola, que proporciona vivências e experiências absolutamente inéditas”. (d´Eça, in NetAprendizagem, 1998:40)
Quando um aluno recorre, determinado, à internet para nela surfar com o propósito de pesquisar informação sobre algo a que a vida quotidiana tenha emprestado o estatuto de “assunto interessante”, que “até vem nos livros”, deve o professor estar preparado e sensibilizado para perceber que estarão reunidas as condições para a viabilização de uma aprendizagem motivadora porque a integração e a aplicação de conhecimentos a casos concretos da vida real, além de (ainda) rara em algumas das nossas escolas, terá sempre o condão de aproximar a escola ao mundo real. A interatividade põe os alunos a comunicar entre si, com os professores e com outros agentes educativos relevantes. Ela aproxima os alunos daquilo que os rodeia, da sua realidade mas também de outros universos. Ela implica dinamismo, mudança e adaptação, atributos que cumpre promover e incutir harmoniosamente.
Desenvolver a capacidade de resolução de problemas
Atividades de pesquisa na web, insisto, permitem desenvolver a capacidade de resolução de problemas, pois recorrem a situações reais e atuais, aspeto essencial, que deve ser priorizado, para a adaptação a um mundo em constante mudança.
Em vez de criar meros recetores passivos de informação em massa, produz - se o processo for antecedido de uma planificação acurada - emissores e produtores ativos de conhecimento integrado.
Já se sabe que a web permite o acesso instantâneo à informação, e a uma enorme capacidade de escolha que tem de ser (muito) bem feita, pois o bom e o mau, o verdadeiro e o falso andam lado a lado. Em consequência, o professor terá de recorrer aos melhores instrumentos de pesquisa. E será aí que o domínio da utilização dos motores de pesquisa na internet, chave para uma utilização eficaz dos recursos do www, exigirá um bom conhecimento de cada um deles.
Como professor, que sabe não estar só, que sente ter dúvidas e partilhar receios extensivos a muitos colegas, a internet abre igualmente novas janelas, através das quais também eu (já) posso trocar conhecimentos, ideias, planos de aula, projetos, enfim, aprender com os outros, o que ajudará a aperfeiçoar estratégias e métodos de ensino. Sei que tenho à disposição uma autêntica via verde de/para atualização permanente de conhecimentos, formação contínua e aprendizagem para toda a vida.
Este texto não passa, ressalvo, de um modesto contributo de um professor no terreno, gizado a pensar nos alunos, a perspetivar abordagens que sirvam o desiderato maior de lograr orientar, desde a primeira infância, para o uso e para o papel do universo digital na Educação e, por conseguinte, na vida das crianças. Na faixa etária do 1º Ciclo (6 - 9/10 anos), os alunos possuem muitas curiosidades e aceitam, com facilidade, a realização de diferentes atividades e desafios, evidencia que deve ser otimizada para fomentar aprendizagens significativas.
Mantenho e reforço tudo o que expus, até porque o Tempo, esse juiz supremo de tudo e de todos, se tem encarregado de fazer a sua parte. Ou a importância de se estar do lado certo da História.
«Mantendo esta lógica de proximidade e transparência, que não teme a prestação de contas, partilho em baixo teor integral da minha intervenção de hoje (N.R. 28 de fevereiro/2020) na Assembleia Municipal de Albergaria-a-Velha.
Senhor Presidente,
A Fundação Francisco Manuel dos Santos, reconhecida pela sua independência política e pela fiabilidade técnica dos dados que disponibiliza, demonstra que em Albergaria-a-Velha:
- No ano 2010, havia mais nascimentos que óbitos, evidência que originou um saldo natural positivo; coisa diferente se verificou, em 2018, com a gestão CDS-PP do Município, para uma situação de saldo natural negativo, em consequência do crescimento do número de óbitos e da redução do número de nascimentos; - A percentagem de gente jovem com menos de 15 anos em 2018, ficou, por comparação aos dados verificados em 2010, abaixo da média nacional; - A população residente, por comparação ao registado em 2010, diminuiu substancialmente em 2018, ou seja, uma redução de habitantes que representa uma variação negativa de 4,22% da população; - O índice de envelhecimento (idosos por cada 100 jovens) - abaixo da média nacional em 2010 - está, desde 2018, acima da média nacional; - O número de alunos do ensino não superior em 2018 diminuiu por comparação a 2010, representando uma variação negativa de 16,38% da população estudantil.
Face a este quadro de agravamento tão indesmentível quanto severo dos diversos indicadores relativos à NATALIDADE versus ENVELHECIMENTO desde que os Senhores passaram a gerir os destinos da edilidade, somos obrigados a colocar questões que, em função das respostas, ajudarão a explicar tão preocupantes factos e tendências:
1ªApostaram na fixação de jovens casais no Município, uma opção que promoveria um aumento da população ativa e o número de nascimentos, melhorando o saldo natural e combatendo o aumento do índice de envelhecimento?
A resposta é não. Aliás, cumpre aqui lembrar que votaram contra a proposta que o PSD apresentou nesta Assembleia Municipal de utilizar um terreno que era propriedade do Município, na Vila das Laranjeiras, opção que permitiria construir 20 frações a custos controlados, disponibilizando-as a casais jovens por forma a aumentar a oferta imobiliária e com isso fixar e atrair munícipes, contrariando o acelerado envelhecimento e a diminuição da população residente. De resto, esta proposta, se tivesse sido viabilizada, traduzir-se-ia num sério contributo para combater a especulação imobiliária e a fuga de muitas famílias para concelhos vizinhos, que têm oferta habitacional a preços bem mais reduzidos e uma política fiscal mais atrativa do que a praticada em Albergaria, nomeadamente com taxa zero de participação no IRS.
2ªPromoveram a frequência de creches a preços mais acessíveis, designadamente através da celebração de protocolos com as IPSS? Promoveram a frequência de centros de convívio, de centros de dia e de lares de idosos a preços mais convidativos, recorrendo também à celebração de protocolos com as IPSS?
A resposta é… não. E nem disso se lembraram já que parecem mais focados em organizar festas e festanças.
3ªTêm aprofundado o apoio financeiro às IPSS, na mesma proporção do aumento do salário mínimo ao longo destes últimos anos?
A resposta é, de novo, esclarecedora: não.
4ªTêm promovido o acesso à Saúde de proximidade quer mantendo as extensões de saúde ou, em alternativa, facultando transporte gratuito às populações, mormente ao segmento da população mais idosa e desprotegida?
A resposta é não. Bem pelo contrário. Têm dificultado esse acesso por omissão e por não cumprirem com as vossas atribuições justamente nas áreas dos transportes e das comunicações.
5ªTêm promovido o investimento necessário para conservar as infraestruturas e as vias municipais?
A resposta é, de novo, não. Inclusivamente, as condições das infraestruturas e das vias municipais conheceram, convosco, acelerada degradação.
Se juntarmos a este quadro o vosso chumbo à nossa proposta para a construção de um Parque Verde Urbano, uma genuína mais-valia vocacionada para o aumento da qualidade de vida das Famílias, sem que os Senhores tenham detalhado QUANDO e COMO avançarão com a vossa alternativa, fica claro que vos falta visão e estratégia para inverter o atual estado de coisas. E isso deve preocupar todos os albergarienses.» (SIC)