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O Banquete

A República de Platão é o livro mais conhecido do filósofo grego. Contudo, em "O Banquete", também conhecido como Simpósio, Platão vai discutir as naturezas do amor e da alma.

Diz-me o que dizes, que eu dir-te-ei o que estou a pensar (mas não agora)

19.07.25 | Servido por José Manuel Alho

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Hoje em dia, ser um bom ouvinte é como estar de dieta num churrasco: estamos lá, mas a cabeça está noutro lado. E enquanto o outro desabafa, nós resolvemos compras, contas e crises existenciais. É empatia com desdobramento espiritual, em modo piloto automático. Ou cinismo com educação.

Confesso que tenho vindo a apurar, com crescente necessidade, esta oportuna capacidade...

 

Professores esquecidos: justiça, sim; valorização, nem vê-la!

18.07.25 | Servido por José Manuel Alho

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 15 anos sem aumentos reais: quem quer, hoje, ser professor? 

Imagem: © The Portugal News

Recuperação do tempo de serviço não basta

Já abordei este assunto AQUI pelo que volto a alertar que a devolução (muito) faseada  do tempo de serviço (1 de setembro de 2024: 599 dias. 1 de julho de 2025: 598 dias. 1 de julho de 2026: 598 dias. 1 de julho de 2027: 598 dias.) apenas devolve um direito roubado, mas não resolve o essencial. É um importante ato de justiça, não de valorização. A carreira docente está estagnada há mais de 15 anos (!), sem atualização dos valores dos escalões. Enquanto outras carreiras da função pública viram os seus salários revistos e ajustados, os professores continuam com índices que não refletem nem a inflação acumulada, nem a exigência crescente da profissão. Esta ausência de revisão tem um efeito duplo: empurra docentes experientes para a desmotivação e falha em atrair jovens para uma carreira que já nem prestígio social consegue oferecer.

 

Todos os escalões contam, todos os professores contam

É urgente recordar que a valorização salarial não pode centrar-se apenas nos primeiros escalões, como se bastasse atrair novos professores, nem apenas no topo, como se a experiência não fosse já um bem escasso. Todos os níveis da carreira carecem de atualização, sob pena de se perpetuar uma classe desmoralizada e sobrecarregada, incapaz de dar resposta aos desafios da Escola Pública. E, enquanto isto se arrasta, os sindicatos pouco pressionam nesta frente. Este silêncio é perigoso, pois a opinião pública pode assumir que, com o tempo de serviço devolvido, tudo ficou resolvido. Não ficou. Sem um plano sério de valorização dos escalões, a Escola Pública continuará a perder forças, qualidade e profissionais. A Educação não pode ser o parente pobre da função pública.

É preciso saber que a palavra é sagrada

18.07.25 | Servido por José Manuel Alho

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COM FÚRIA E RAIVA


Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras
Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe, muito longe um povo a trouxe
E nela pôs a sua alma confiada

De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra, a flor e a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra

Sophia de Mello Breyner Andresen

Junho de 1974

Há mulheres que trazem o mar nos olhos

17.07.25 | Servido por José Manuel Alho

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Sharon Stone | Foto de Peter Lindbergh

 

O Mar dos Meus Olhos

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma

E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma...

Sophia de Mello Breyner Andresen

in "Obra Poética"

Pela mão, até onde o caminho nos levar.

12.07.25 | Servido por José Manuel Alho

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© Jan Saudek

Nesta fotografia de Saudek, há uma simplicidade que dói: um homem e uma criança, de costas, enfrentando um carreiro, com as mãos entrelaçadas, rumo ao desconhecido.

Não há rostos, mas há histórias. O gesto de dar a mão contém, sempre, mais promessas do que mil discursos: proteção, legado, ternura, continuidade. No contraste dramático entre luz e sombra, esta imagem fala-nos do tempo — o que passa, o que fica e o que se transmite.

E talvez diga, com brutal delicadeza, que caminhar lado a lado é tudo o que podemos oferecer antes do adeus certo.

A liberdade não bate à porta. Escancara-a.

11.07.25 | Servido por José Manuel Alho

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Pintura de Edward Hopper, intitulada Rooms by the Sea (1951).

Um quarto vazio, uma parede branca e o mar a entrar sem pedir licença. Às vezes, a vida é isto: um instante de silêncio onde tudo faz sentido — sem gente, sem ruído, sem móveis que pesem. Só luz e horizonte. Como quem finalmente se despe de paredes.

 

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