A República de Platão é o livro mais conhecido do filósofo grego. Contudo, em "O Banquete", também conhecido como Simpósio, Platão vai discutir as naturezas do amor e da alma.
Hoje em dia, ser um bom ouvinte é como estar de dieta num churrasco: estamos lá, mas a cabeça está noutro lado. E enquanto o outro desabafa, nós resolvemos compras, contas e crises existenciais. É empatia com desdobramento espiritual, em modo piloto automático. Ou cinismo com educação.
Confesso que tenho vindo a apurar, com crescente necessidade, esta oportuna capacidade...
Já abordei este assunto AQUI pelo que volto a alertar que a devolução (muito) faseada do tempo de serviço (1 de setembro de 2024: 599 dias.1 de julho de 2025: 598 dias.1 de julho de 2026: 598 dias.1 de julho de 2027: 598 dias.) apenas devolve um direito roubado, mas não resolve o essencial. É um importante ato de justiça, não de valorização. A carreira docente está estagnada há mais de 15 anos (!),sem atualização dos valores dos escalões. Enquanto outras carreiras da função pública viram os seus salários revistos e ajustados, os professores continuam com índices que não refletem nem a inflação acumulada, nem a exigência crescente da profissão. Esta ausência de revisão tem um efeito duplo: empurra docentes experientes para a desmotivação e falha em atrair jovens para uma carreira que já nem prestígio social consegue oferecer.
Todos os escalões contam, todos os professores contam
É urgente recordar que a valorização salarial não pode centrar-se apenas nos primeiros escalões, como se bastasse atrair novos professores, nem apenas no topo, como se a experiência não fosse já um bem escasso. Todos os níveis da carreira carecem de atualização, sob pena de se perpetuar uma classe desmoralizada e sobrecarregada, incapaz de dar resposta aos desafios da Escola Pública. E, enquanto isto se arrasta, os sindicatos pouco pressionam nesta frente. Este silêncio é perigoso, pois a opinião pública pode assumir que, com o tempo de serviço devolvido, tudo ficou resolvido. Não ficou. Sem um plano sério de valorização dos escalões, a Escola Pública continuará a perder forças, qualidade e profissionais. A Educação não pode ser o parente pobre da função pública.
Com fúria e raiva acuso o demagogo E o seu capitalismo das palavras Pois é preciso saber que a palavra é sagrada Que de longe, muito longe um povo a trouxe E nela pôs a sua alma confiada
De longe muito longe desde o início O homem soube de si pela palavra E nomeou a pedra, a flor e a água E tudo emergiu porque ele disse
Com fúria e raiva acuso o demagogo Que se promove à sombra da palavra E da palavra faz poder e jogo E transforma as palavras em moeda Como se fez com o trigo e com a terra
Há mulheres que trazem o mar nos olhos Não pela cor Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos Ficam para além do tempo Como se a maré nunca as levasse Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos pela grandeza da imensidão da alma pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens... Há mulheres que são maré em noites de tardes... e calma...
Confissão? Não, caríssima, isto é serviço público de carregamento de boatos. Ele ouve, ela despeja, e as almas do bairro ficam mais leves… ou mais entretidas.
A salvação pode esperar — o escândalo, esse, é urgente.
Nesta fotografia de Saudek, há uma simplicidade que dói: um homem e uma criança, de costas, enfrentando um carreiro, com as mãos entrelaçadas, rumo ao desconhecido.
Não há rostos, mas há histórias. O gesto de dar a mão contém, sempre, mais promessas do que mil discursos: proteção, legado, ternura, continuidade. No contraste dramático entre luz e sombra, esta imagem fala-nos do tempo — o que passa, o que fica e o que se transmite.
E talvez diga, com brutal delicadeza, que caminhar lado a lado é tudo o que podemos oferecer antes do adeus certo.
Pintura de Edward Hopper, intitulada Rooms by the Sea (1951).
Um quarto vazio, uma parede branca e o mar a entrar sem pedir licença. Às vezes, a vida é isto: um instante de silêncio onde tudo faz sentido — sem gente, sem ruído, sem móveis que pesem. Só luz e horizonte. Como quem finalmente se despe de paredes.