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O Banquete

A República de Platão é o livro mais conhecido do filósofo grego. Contudo, em "O Banquete", também conhecido como Simpósio, Platão vai discutir as naturezas do amor e da alma.

Halloween canino: quando o terror tem quatro patas

31.10.25 | Servido por José Manuel Alho

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Halloween é aquela noite em que todos querem assustar alguém, mas este cão decidiu elevar a fasquia: esqueçam fantasmas e vampiros. Temos aqui um esqueleto com língua de fora e com vontade de correr atrás de quem não lhe der guloseimas!

A ironia? Enquanto pintamos ossos na pelagem, continuamos a pintar ilusões na vida: fingimos que o medo é brincadeira, mas basta olhar para a conta da luz para perceber que o verdadeiro terror não anda à solta, está na caixa do correio.

No fundo, este cão é um símbolo perfeito: assustador por fora, mas com um coração que só quer biscoitos.

Já os humanos… esses, nem com tinta se disfarçam.

Educar para o caos ou para a Cidadania?

29.10.25 | Servido por José Manuel Alho

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A sala de aula como espelho da sociedade em miniatura

A sala de aula do 1.º Ciclo, esse espaço onde se semeiam os primeiros traços da cidadania, tem vindo a transformar-se num palco de tensões, ruído e desorganização. Não por culpa das crianças, mas por omissão de um sistema que insiste em ignorar a complexidade da infância contemporânea. A pedagogia do século XXI exige mais do que manuais e fichas: exige escuta, exige tempo, exige humanidade. E exige, também, que as Famílias assumam o seu papel na educação dos filhos, deixando de delegar na Escola aquilo que é da sua exclusiva responsabilidade: o respeito, os limites, a empatia. A Escola não é um centro de reabilitação comportamental, nem um depósito de menores em horário laboral. É, ou deveria ser, uma comunidade educativa onde todos, sem exceção, têm deveres.

A pedagogia da presença e da exigência

A pedagogia contemporânea, como defende Jonas Emanuel Pinto Magalhães (2022), não pode continuar a ser apenas transmissiva; deve ser transformadora. As competências socioemocionais, reconhecidas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória e valorizadas por diversos estudos internacionais, são hoje pilares da formação integral. Mas como se desenvolvem essas competências num ambiente onde o professor é, simultaneamente, tutor, mediador, psicólogo, enfermeiro e, por vezes, bombeiro?

Rita Ferreira (2020) propõe a disciplina positiva como alternativa à gestão autoritária. A escuta ativa, o debate de regras com os alunos e a co-construção de rotinas são estratégias que promovem ambientes mais saudáveis. Verónica Franco (2014) destaca a importância da autoavaliação e da heteroavaliação como instrumentos para a aquisição de comportamentos sociais adequados, reforçando a ideia de que a consciência sobre o próprio comportamento é um passo essencial para a cidadania. Sofia Entrudo (2021), por sua vez, sublinha o papel do professor como agente co-regulador da atenção, essencial para a autorregulação da aprendizagem, mas alerta para a necessidade de um ambiente estruturado e colaborativo, onde a responsabilidade não pode recair exclusivamente sobre o docente.

Neste contexto, torna-se imperativo exigir das Famílias uma participação ativa e consciente. A Escola não pode continuar a ser o único espaço de formação ética e comportamental. A ausência de limites, a negligência afetiva e a delegação total da educação para os professores são sintomas de uma sociedade que se demite das suas obrigações parentais. Educar não é apenas um direito, é um dever. E esse dever começa em casa.

Famílias: o elo que falta na engrenagem educativa

Apesar dos avanços teóricos e das boas intenções pedagógicas, a Escola não pode, nem deve, assumir sozinha o encargo da formação integral das crianças. O chão da sala de aula não é um campo de batalha por falta de estratégias docentes, mas sim pela ausência de um verdadeiro pacto educativo com as famílias. Muitos pais delegam na Escola aquilo que deveria começar em casa: o respeito, a escuta, a organização, a empatia. A gestão comportamental não se ensina apenas com regras escritas no quadro; exige coerência entre o que se vive na escola e o que se pratica em casa. A Escola pode ser espaço de transformação, mas não é um milagre ambulante. Sem o envolvimento ativo das famílias, qualquer esforço pedagógico será sempre parcial, precário e, muitas vezes, inglório.

Educar: entre o abandono institucional e a demissão familiar

Educar, hoje, é um ato de resistência - não apenas contra a burocracia e a infantilização da profissão docente, mas contra a indiferença da tutela ministerial e a demissão das famílias. O Ministério da Educação continua a tratar a Escola como um laboratório de experiências políticas, ignorando as reais necessidades das comunidades educativas. As famílias, por sua vez, delegam na Escola a missão de educar, esquecendo que os valores, os hábitos e o respeito não se ensinam apenas entre quatro paredes com quadros e cadernos. A Escola precisa de recuperar o seu papel formador, não apenas de leitores e calculadores, mas de cidadãos conscientes e responsáveis. E isso só será possível quando o sistema escutar mais, apoiar melhor e quando os pais deixarem de ser meros espectadores da educação dos seus filhos.

Morreu por não mandar a mensagem: o drama - e o horror! - das correntes digitais

28.10.25 | Servido por José Manuel Alho

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Nesta lápide, o verdadeiro drama é revelado: morreu por não ter mandado aquela mensagem de texto para 10 pessoas! Parece piada, mas quantos já não ouviram essa ameaça nos grupos de WhatsApp? Este castigo moderno mostra que, por vezes, até as superstições digitais se tornam motivo para rir e refletir.

Que sirva de alerta: não basta ser apanhado sem sinal, é preciso passar a mensagem! E para quem tem o apelido Alho, cuidado, porque até o seu cheiro pode ser a última vontade por cumprir.

A arte de se perder em si mesmo

27.10.25 | Servido por José Manuel Alho

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Fernando Pessoa reduz o sentir a um estado de distração, como se a emoção fosse um desvio do raciocínio lógico.

Para mim, sentir é também permitir que a mente perca o controlo, que o tempo se desfaça e que a razão seja suspensa. É ceder ao instante e aceitar que, às vezes, viver plenamente é precisamente esquecer-se de si.

Viver como se fosse a última vez

26.10.25 | Servido por José Manuel Alho

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As palavras de Vinicius de Moraes lembram-nos que a ausência corrói e a saudade, por mais poética que pareça, não substitui a presença.

O amor verdadeiro é tecido com gestos diários, não com esperas infinitas.

A lição é simples e urgente: viver cada instante com intensidade, porque o tempo não se repete e cada segundo é irreversível.

Paz & Alho

(just for safety...🤭)

25.10.25 | Servido por José Manuel Alho

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Confesso, há dias em que o meu apelido — Alho — parece perseguir-me.

Eis senão quando me cruzo com esta magnífica obra de arte, um símbolo de paz feito de cabeças de alho. Sinto-me, neste caso, duplamente representado: não só pelo apelo à concórdia (tão rara nos dias que correm), mas também pelo inevitável cheiro familiar que, involuntariamente, levo comigo, mesmo sem pestiscar.

Afinal, se havia alguém talhado para defender uma paz bem temperada, só podia ser eu: o “Alho” de nome e, pelos vistos, também de aroma. Se a paz mundial dependesse do poder do alho, acreditem, já estávamos todos a celebrar: uns a brindar e outros a fugir do vampiro mais próximo.

Albergaria com andamento… ou em marcha atrás? Desafios urgentes para um concelho que precisa de avançar

24.10.25 | Servido por José Manuel Alho

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Imagem retirada daqui

A tomada de posse do novo executivo liderado por Carlos Coelho marcará um momento decisivo para Albergaria-a-Velha. Após doze anos de uma administração caracterizada por crescente negligência e problemas estruturais profundos, que foram menosprezados, apresento uma análise crítica das carências históricas do município. Proponho sete intervenções prioritárias que podem transformar a realidade local, valorizar os serviços camarários e responder às necessidades dos munícipes, com eficácia e humanidade. Porque o futuro de Albergaria não se constrói com promessas, mas com ação, transparência e coragem política.

1. Governar com responsabilidade e eficácia

O novo executivo enfrenta o desafio de gerir uma autarquia inchada, com um elevado número de funcionários contratados, situação que exige uma gestão baseada na eficiência e na satisfação das necessidades dos munícipes. Segundo Peter Drucker, considerado o pai da gestão moderna, a eficiência na administração pública requer que se faça "o que é correto" e não apenas "fazer corretamente"; ou seja, mais importante que a execução perfeita de tarefas é escolher as tarefas certas que respondam às necessidades reais dos cidadãos (Drucker, 1967). Também Elinor Ostrom, laureada com o Nobel de Economia, ressalta a importância da participação cidadã e da transparência para romper práticas viciadas e promover um governo local eficaz e legítimo (Ostrom, 1990). Importa, portanto, monitorizar exaustivamente as lideranças intermédias com critérios rigorosos de desempenho, para desincentivar os vícios instalados e garantir prestação de serviços ágil e centrada no munícipe.

2. Reabilitação das infraestruturas e mobilidade inclusiva

A negligência de mais de uma década nas vias municipais traduziu-se não só em prejuízo urbano, mas em impacto direto na qualidade de vida. Em Albergaria, as ruas, os passeios e as estradas devem estar limpos, os jardins cuidados e as árvores podadas regularmente e não apenas nas zonas do costume. Jane Jacobs, pensadora fundamental do urbanismo, enfatizava que a vitalidade das cidades depende da atenção aos pequenos e grandes detalhes da rua como os passeios seguros e acessíveis, a arborização bem cuidada e a facilidade de circulação para todos, em particular para pessoas com mobilidade condicionada (Jacobs, 1961). Uma intervenção rápida e sustentada nestes aspetos melhora a inclusão social e incentiva uma cidade mais humana, sobressaindo a visão de Jan Gehl sobre a criação de espaços públicos para pessoas e não para carros (Gehl, 2010).

3. Investimento urgente na Educação local

Apesar dos avanços inscritos em alguns programas municipais, há escolas, sobretudo no centro da cidade, que não dispõem sequer de fotocopiadoras, um escândalo inadmissível. O cenário das escolas municipais sem condições básicas como fotocopiadoras é, por si só, inaceitável. Num estudo sobre condições escolares, James S. Coleman destacou a relação direta entre qualidade das infraestruturas educativas e o sucesso académico dos alunos (Coleman et al., 1966). De igual modo, espaços de recreio polivalentes, inclusivos, seguros e cobertos não só ampliam as possibilidades de convívio e aprendizagem, mas protegem as crianças das condições meteorológicas, fomentando o conforto e a equidade. Apostar na qualidade das escolas é investir no futuro da comunidade, como defendem autores como Paulo Freire, que realça a educação como prática de liberdade (Freire, 1970).

4. Parque Urbano: um espaço para a comunidade

O parque urbano projetado deve ser muito mais do que área verde, deve funcionar como catalisador comunitário, promovendo a saúde, o bem-estar e a inclusão social. A literatura sobre espaços públicos, como no trabalho de William Whyte, demonstra que parques bem pensados aumentam a coesão social e o sentido de pertença dos cidadãos ao território (Whyte, 1980). Este investimento terá retorno direto na qualidade de vida e no equilíbrio ambiental, respondendo às exigências contemporâneas sobre sustentabilidade urbana.

Para uma reflexão aprofundada sobre a importância de criar espaços públicos verdes e de lazer que promovam o bem-estar comunitário e o desenvolvimento sustentável do concelho, pode consultar o meu artigo Albergaria merece que não desistamos de lutar por um Parque Verde Urbano, onde a questão do parque urbano é destacada como um investimento fundamental para o futuro.

5. Saúde com serviços básicos próximos

A descentralização de serviços como Raio X e ecografias para o concelho é imperativa para garantir a equidade no acesso à Saúde. Nos estudos de Amartya Sen sobre desenvolvimento humano, o acesso a cuidados básicos de saúde é um dos pilares da capacidade humana e da justiça social (Sen, 1999). Facilitar estes exames localmente evita deslocações dispendiosas e melhora a qualidade de vida dos munícipes, cumprindo o princípio da proximidade assistencial preconizado pela Organização Mundial da Saúde.

Na área da Saúde, a estratégia local deve ir muito além do atendimento básico. Tal como analisei no post Estratégia Local de Saúde: entre o essencial e o que falta, é crucial reforçar os serviços de saúde especializados e de proximidade, democratizando o acesso a equipamentos como Raio X e ecografias aqui, no nosso concelho, evitando, assim, deslocações onerosas e garantindo uma resposta ágil às necessidades dos cidadãos.

6. Portagens na A25: o “andamento” que trava o desenvolvimento

Nenhum concelho pode aspirar a progresso quando está cercado por portagens injustas. A A25, infraestrutura vital para o desenvolvimento económico e social de Albergaria-a-Velha, transformou-se num símbolo gritante de desigualdade territorial. Manter as portagens neste eixo rodoviário é perpetuar uma penalização que sufoca empresas, trava oportunidades e empobrece famílias.

Como já analisei detalhadamente nos textos Portagens na A25: a vergonha que todos fingem não ver e A25 e a luta por justiça: os partidos em silêncio, esta é uma batalha moral e económica. Impõe-se que o novo executivo municipal lidere, com firmeza e persistência, um movimento político multipartidário pela abolição destas portagens, em nome da coesão territorial e da justiça social. Albergaria só terá “andamento” quando este obstáculo for removido.

7. Renegociação do tarifário da água: justiça para os munícipes

O preço da água tem sido um fardo desproporcionado para os habitantes de Albergaria-a-Velha. Já analisei pormenorizadamente este tema neste blog, e é imperioso que o novo executivo promova a renegociação urgente do tarifário, garantindo preços justos e transparentes para todos. Para mais detalhes, recordo a minha análise publicada em "Desigualdades tarifárias: análise dos preços da água em Albergaria-a-Velha e concelhos vizinhos (2013-2024)" n’O Banquete. A questão do preço da água em Albergaria-a-Velha traduz uma problemática comum em muitas autarquias: tarifas que não refletem a equidade nem a sustentabilidade. Elinor Ostrom e outros investigadores contemporâneos apontam a necessidade de gestão pública participativa e tarifas justas que equilibrem captação de recursos e direitos dos consumidores (Ostrom, 1990). O novo executivo de Carlos Coelho está obrigado a renegociar com firmeza este tarifário, assegurando o direito universal e o acesso a um bem essencial, reforçando a transparência e a justiça tarifária.

 

Compromisso inabalável: vigilância, propostas e ação para o futuro de Albergaria-a-Velha

Estas propostas assentam numa análise rigorosa e num acompanhamento próximo que venho realizando desde os meus tempos enquanto líder parlamentar na Assembleia Municipal. Não são meras opiniões avulsas, mas o resultado de um compromisso constante com a cidadania ativa e vigilante, que não se limita a escrutinar as falhas da governação local, mas que sempre se empenhou em apresentar contributos ponderados, fundamentados e exequíveis. Reafirmo, assim, que continuarei a agir com o mesmo sentido de responsabilidade política e social, atento às necessidades reais dos munícipes e atuante na defesa de uma gestão transparente, eficaz e comprometida com o futuro do nosso concelho. Este é o dever de quem acredita que uma democracia saudável se constrói não apenas com crítica, mas, sobretudo, com propostas sólidas e diálogos construtivos.

O futuro de Albergaria-a-Velha depende agora de escolhas decisivas: reabilitação das infraestruturas, investimento real na Educação, criação de espaços públicos que unam a comunidade, acesso digno à saúde local, justiça tarifária na água e a abolição das portagens na A25. Estas sete intervenções prioritárias, que exigirão vontade política, não são apenas propostas isoladas. Deverão integrar o roteiro para uma governação que respeite e valorize os munícipes, que combata a desigualdade e que transforme, finalmente, um concelho estagnado em território de oportunidades e progresso. A mudança não é utopia, mas sim uma responsabilidade coletiva que exige vigilância ativa, participação política e exigência de transparência. Albergaria pode avançar, mas só o fará com a força da cidadania empenhada e uma governação capaz de ouvir, agir e cumprir.

É chegada a hora de renovar, agir e conquistar o futuro que, afinal, todos merecemos.

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