750 árvores não bastam: Albergaria-a-Velha precisa de um escudo contra o fogo
Foto do Jornal de Albergaria
Na passada quinta-feira, foi notícia a plantação, no Bico do Monte, de 750 árvores autóctones, oferecidas pelo Automóvel Club de Portugal (ACP). É difícil aplaudir uma ação como esta sem um certo sabor a desilusão. Sim, 750 árvores autóctones são bem-vindas, mas representam apenas um remendo num tecido devastado. Dois meses após os incêndios, o que se esperava era uma estratégia clara e ambiciosa para a reflorestação de Albergaria-a-Velha, não uma ação isolada de uma entidade externa (ainda que com o habitual aparato mediático).
O Monte da Senhora do Socorro é consabidamente simbólico, mas que impacto real terá esta plantação numa área ardida muito mais vasta? Volvidos mais de dois meses sobre a catástrofe que nos assolou, a resposta do Município continua a ser o silêncio sobre um plano estruturado para ordenar o território e prevenir a próxima época de incêndios. Os números são crus: 750 árvores contrastam com os cerca de cinco mil hectares consumidos pelos incêndios do passado dia 16 de setembro.
E quanto à população? Traumatizada e ansiosa, precisa de mais do que sessões fotográficas com pilotos famosos que, de forma (muito) nobre, decidiram associar-se a uma boa ideia. Precisa de garantias, de uma visão de longo prazo, de um plano que responda ao futuro. Por agora, estaremos perante mais um paliativo do que uma genuína solução de fundo. Infelizmente.