A Democracia segundo os moços de recado, que se esquecem das eleições.
Mesmo ao nível local, as estruturas partidárias são avessas a grandes contributos. Ainda sobrevivem figuras (pseudo)referenciais, que até pagam as quotas de dezenas (basta uns sessenta…) de militantes a martelo, dos que só existem para votar quando lhes mandam e em quem lhes mandam.
Um (pseudo)democrata “esquecer-se” de promover eleições, nos exatos termos dos estatutos, é tão grave como uma pessoa séria “esquecer-se” de ser honesta…
E é assim que triunfa a mediocridade, protagonizada por moços de recado(s), que, em alguns partidos, ascendem com a naturalidade de quem presume ser possível liderar um partido à distância como se de uma sucursal na Tailândia se tratasse. Do género “vou lá ao fim de semana debitar umas vacuidades e até corro o risco de ser visto como um gajo que pensa fora da caixa”. A mesma soberba de quem faz campanha ao volante de um Mercedes que não é seu.
Com a indigência contumaz de quem se julga inimputável e que, por essa via, foge do escrutínio imposto pela cultura de responsabilidade – na verdade, para quem os ouve, são, sempre, e por cobardia, vítimas dos outros e das circunstâncias – até se esquecem, nas organizações políticas que lideram, de promover eleições, no mais absoluto desrespeito pelos estatutos que juraram cumprir e fazer cumprir. Uma falha MUITO grave, principalmente, nos que sacralizam, por dever de ofício, a legalidade. O que dirá a respetiva Ordem profissional?!
Um (pseudo)democrata “esquecer-se” de promover eleições, nos exatos termos dos estatutos, é tão grave como uma pessoa séria “esquecer-se” de ser honesta.
Em consequência, são estes os serviçais que, resguardando-se na penumbra da ilegalidade, tomam decisões desprovidas de legitimidade formal e política, com resultados historicamente humilhantes. Serviçais que se distinguem por se estarem a marimbar para a lealdade, a correção e a solidariedade. Resumem-se, sem pruridos, a inconfessáveis projetos pessoais de poder.
Mas eles são o que são. Uma vez moço de recado, para sempre moço de recado(s).
Daí que esta estirpe de “líder” político, enquanto necessitar de alguém que disfarce a sua própria mediania, procurará sempre agigantar-se cercando-se somente de quem (apenas) lhe consiga fazer sombra às canelas.