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O Banquete

A República de Platão é o livro mais conhecido do filósofo grego. Contudo, em "O Banquete", também conhecido como Simpósio, Platão vai discutir as naturezas do amor e da alma.

A Política que fica: memória, lealdade e liberdade

02.07.25 | Servido por José Manuel Alho

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Imagem retirada daqui

O que fica depois da Política?

Fui líder parlamentar da oposição, independente no PSD, na Assembleia Municipal de Albergaria, entre 2017 e 2021. Foram anos de entrega, desgaste e, perdoem-me a imodéstia, trabalho sério, que me enche(u) de orgulho, em circunstâncias muito adversas. Saí pelo meu pé, com a dignidade de quem nunca fez da Política profissão, mas também com o amargo de boca de quem percebe que a honestidade e a lealdade não são, hoje, moeda de troca valorizada (Bobbio, 1987).

Quando se deixa o palco da política, o silêncio que se instala não é necessariamente vazio — é, antes, um convite à reflexão. Os convites tornam-se menos frequentes, as chamadas deixam de ser urgentes, e a confiança no semelhante, essa entidade tão delicada quanto a paciência de um professor em final de ano letivo, revela-se na sua verdadeira dimensão: volátil, mas também surpreendentemente libertadora. Talvez, afinal, o silêncio não seja o fim do mundo, mas o princípio de um novo capítulo.

A Política não é um concurso de popularidade

Recusar um convite, sobretudo vindo de um amigo, não é fácil. Mas é necessário. A Política não é um concurso de popularidade, nem a vida se mede pelo número de eventos a que se assiste. Como bem escreveu Hannah Arendt, “o sentido da política é a liberdade” (Arendt, 1958) — e a liberdade de dizer “não” é, talvez, a mais difícil de todas. 

Há convites simples, cordiais, mas genericamente “massificados”. Não me iludo: o marketing político é, muitas vezes, uma arte de disparar para todos os lados, na esperança de acertar em alguém com tempo e vontade de aparecer.

O valor do que não se vê

Se há algo que aprendi nestes anos é que a dignidade não se compra com convites, nem a amizade se mede pelo número de presenças em iniciativas eleitorais. A elegância está, precisamente, em saber sair de cena sem amargura e em responder com a mesma honestidade com que sempre se esteve.

E, já agora, que fique registado: a confiança no semelhante  pode andar pelas ruas da amargura, mas a consciência tranquila é um luxo que poucos políticos podem reclamar. Eu posso.