A possível conversa entre dois políticos a respeito do estado da Educação em Portugal
António C.: Ah, Luís, tens de admitir, a nossa Educação está a evoluir. Vê lá quantos alunos chegam ao 12.º ano agora, quando antes nem sonhavam!
Luís M.: Evoluir? António, os miúdos até chegam, sim… mas será que sabem para onde? A evolução foi perderem-se nas listas de espera para serem colocados numa escola, que tenha professores, a 30 quilómetros de casa.
António C.: Que exagero, Luís! A nossa reforma trouxe estabilidade ao sistema.
Luís M.: "Estabilidade"? Diz isso aos professores que saltitam de cidade em cidade como se estivessem a fazer turismo. Eles andam mais de um lado para o outro do que os comboios da CP!
António C.: Estabilidade é dar oportunidade aos alunos de todas as regiões! Há escolas no interior com turmas cheias, sinal de que estamos a combater o despovoamento!
Luís M.: Cheias? António, metade dos alunos são irmãos de turma — e a outra metade são primos! Isso não é combater o despovoamento, é um jantar de família!
António C.: (rindo) Tens sempre resposta para tudo, Luís. Mas temos investido em tecnologia nas escolas, computadores para todos os alunos, ensino digital… Portugal está no futuro!
Luís M.: Computadores? Sim, para acender as luzes das salas já é um avanço. Mas e o Wi-Fi? Ou achas que os alunos agora estudam “meditação digital” enquanto esperam pelo sinal?
António C.: Vê-se que estás a precisar de um chá de otimismo, Luís. Há muita coisa a melhorar, eu sei. Mas estamos a formar cidadãos críticos, atentos…
Luís M.: Ah, sim, e críticos vão estar os pais quando virem que o futuro dos filhos é… dar explicações aos netos do mesmo conteúdo que não entenderam!
António C.: Enfim, Luís… queixas-te, mas foi o meu otimismo que me levou longe!
Qualquer semelhança com a realidade é uma mera mas trágica coincidência.