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O Banquete

A República de Platão é o livro mais conhecido do filósofo grego. Contudo, em "O Banquete", também conhecido como Simpósio, Platão vai discutir as naturezas do amor e da alma.

A propósito do PIAAC: desprestígio, experimentalismo, mediocridade, futuro em risco

10.12.24 | Servido por José Manuel Alho

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Imagem Freepik | meramente ilustrativa

Adultos portugueses são dos que têm menos competências na OCDE

Programa de avaliação internacional coloca Portugal no fim da tabela nos três domínios analisados: literacia, numeracia e resolução de problemas.  

Os resultados do PIAAC (Programa para Avaliação Internacional de Competências de Adultos) não surpreendem, mas envergonham, expondo décadas de experimentalismo educativo em Portugal, marcado por decisões políticas que mais pareceram manobras de cosmética do que um verdadeiro investimento no futuro. Consecutivos governos privilegiaram um modelo de ensino centrado no imediatismo: simplificar os currícula para satisfazer as famílias e "melhorar" estatísticas, em vez de dignificar os professores e apostar num ensino exigente e consistente. Afinal, impõe-se hoje a pergunta: tem sido politicamente (mais) vantajoso mascarar a realidade em vez de enfrentar o problema estrutural?

É impossível ignorar o impacto do desprestígio da carreira docente. Professores desvalorizados, sobrecarregados e sem estabilidade profissional não conseguem operar milagres num sistema em que as prioridades oscilam conforme a direção do vento político. É imperioso devolver a autoridade aos Professores e assegurar o seu prestígio socioprofissional. Ao poder político incumbe reconhecer que a valorização dos docentes é fundamental para a qualidade do ensino. Professores respeitados e bem remunerados são a chave para um sistema educativo robusto e eficaz. 

Cumulativamente, cumpre lembrar que a flexibilização curricular e a obsessão pela aprovação massiva sacrificaram a qualidade em nome de uma falsa inclusão, deixando – como agora se vê – gerações mal preparadas para os desafios do mercado de trabalho e da vida cívica.

E agora? Deparamo-nos com adultos universitários cuja literacia fica aquém do ensino secundário da Finlândia. É um retrato sombrio, mas coerente com anos de experimentalismo pedagógico, de reformas apressadas e de um desinvestimento crónico. Em vez de alinhar com os líderes globais em Educação, Portugal preferiu seguir na cauda, onde os "remendos" educativos nos deixam eternamente aquém das médias internacionais.

Se queremos inverter esta tendência, o caminho passa pela valorização real dos Professores, pela estabilidade dos currícula e pelo regresso à exigência – porque agradar às famílias com toda a sorte de ofertas assistencialistas e programas fáceis só perpetuará esta tragédia. Educação é futuro; desinvestir nela é – como agora pressentimos – condenar um país à mediocridade.