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O Banquete

A República de Platão é o livro mais conhecido do filósofo grego. Contudo, em "O Banquete", também conhecido como Simpósio, Platão vai discutir as naturezas do amor e da alma.

Abaixo-assinado "Por melhores Condições de Trabalho" para os Monodocentes: um grito tardio, mas necessário

19.01.25 | Servido por José Manuel Alho

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Uma iniciativa necessária,

mas longe de ser suficiente

 

Este abaixo-assinado, promovido pela Fenprof (ver AQUI), reflete, na sua essência, uma reivindicação justa e necessária de condições mais dignas para os docentes em regime de monodocência, especialmente no atual contexto de envelhecimento do corpo docente e de acentuado desgaste profissional. O apelo à redução da carga letiva, à equiparação de direitos e à democratização na gestão educativa é fundamental para valorizar o papel central destes profissionais no sistema educativo. É, sem dúvida, uma voz importante para uma luta que já deveria ter obtido resultados concretos há muito tempo.

Porém, é impossível ignorar algumas lacunas que enfraquecem o impacto da iniciativa. Em primeiro lugar, a reivindicação surge tarde, considerando que as iniquidades apontadas — como a discrepância na carga letiva entre ciclos e a ausência de reduções proporcionais ao tempo de serviço — são questões que os professores monodocentes têm denunciado há anos. Este atraso comprometerá o peso moral do apelo, sobretudo porque não aborda as compensações para aqueles que já suportaram décadas de carga horária excessiva. O que se propõe para quem dedicou 5, 10, 20, 25, 30 ou mais anos à docência sob condições tão desiguais?

Além disso, o texto omite um elemento essencial: o plano de ação posterior ao envio do abaixo-assinado. Não sendo possível, a cada momento, consultar o total de subscritores alcançado, nem tão pouco o prazo limite para a recolha de assinaturas, cumpre alertar que o mero envio postal de um documento, ainda que assinado por milhares, não basta para pressionar a tutela a agir. Que iniciativas concretas a Fenprof levará a cabo para sustentar estas exigências? Serão feitas reuniões? Organizadas mobilizações? Promovidas campanhas mediáticas? A ausência de clareza sobre os próximos passos fragiliza a iniciativa e pode gerar frustração entre os próprios subscritores.

Outro ponto relevante é a ausência de um cronograma claro para a implementação das reivindicações. As exigências são legítimas, mas carecem de articulação prática que viabilize o diálogo e a negociação. Quais serão as prioridades? Qual a ordem de execução? Estes detalhes mais finos não apenas darão força ao movimento, mas também evidenciarão maturidade e organização nas reivindicações.

Por fim, é importante sublinhar que este documento, mesmo com as fragilidades atrás apontadas, é um gesto de resistência contra anos de negligência governamental. Representa o clamor de uma classe exausta, mas ainda determinada a lutar. Que este movimento seja o início de algo maior, mais coeso e, acima de tudo, eficaz. A luta por melhores condições de trabalho não pode ser resumida a um abaixo-assinado. Exige persistência, estratégia e união.

 

NOTA FINAL: Houve quem duvidasse que este abaixo-assinado fosse (mesmo) promovido pela Fenprof, até porque o logótipo da Fenprof não consta no formulário para descarregar. Contudo, pode ler-se AQUI que: "...a FENPROF e os seu sindicatos promovem este abaixo-assinado, onde os docentes da Educação Pré-Escolar e do 1.º CEB e demais subscritores deste abaixo-assinado exigem a garantia de melhores condições de trabalho e a abertura de diversos processos negociais." (sic)

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