Crise global na Educação: professores abandonam a profissão em massa
Imagem Pixabay
Sim, não é só em Portugal. Muitos professores estão a abandonar a profissão em várias partes do mundo. Este fenómeno é, para os estudiosos, atribuído a uma combinação de fatores, incluindo baixos salários, falta de perspetiva de carreira, condições de trabalho desafiadoras e desvalorização da profissão. Além disso, a pandemia da COVID-19 exponenciou consideravelmente o stress e a carga de trabalho dos docentes, levando muitos a reconsiderar as suas carreiras.
Em Inglaterra, entre 2011 e 2020, 81 000 dos 270 000 professores qualificados abandonaram a profissão, e estima-se que haverá um défice de cerca de 13 000 docentes a curto prazo. Em França, no início do ano letivo de 2022-2023, havia cerca de 4 000 vagas para professores que não foram preenchidas. Nos Estados Unidos, a escassez de professores é um problema crescente, com muitos docentes a abandonar a profissão devido aos baixos salários, às condições de trabalho e à falta de apoio.
Em França, há dois anos, o Ministro da Educação alertou mesmo para a necessidade de reformas estruturais para enfrentar a falta de atratividade da profissão docente.
Os principais motivos para a desmotivação e desilusão dos professores resultarão de:
- Baixos salários: Muitos professores sentem que seus salários não refletem a importância e a responsabilidade de seu trabalho.
- Falta de progressão na carreira: A ausência de oportunidades de crescimento profissional desmotiva muitos docentes.
- Condições de trabalho: A sobrecarga de trabalho, com excessiva burocracia, a falta de recursos e o ambiente de trabalho usualmente stressante contribuem para o desgaste.
- Desvalorização da profissão: A perceção de que a sociedade não valoriza adequadamente os professores também afeta a moral desta classe.
Para estancar esta fuga e combater a falta de professores, é imperioso que os governos promovam mudanças estruturais que valorizem a profissão. Aumentar os salários, criar oportunidades de progressão na carreira e reduzir a burocracia são passos essenciais para atrair e manter estes profissionais altamente qualificados. De igual modo, assegurar melhores condições de trabalho, com mais apoio emocional e recursos nas escolas, ajudariam a aliviar o stress dos docentes nas sociedades contemporâneas. Programas de mentoria e de reconhecimento profissional também poderiam reforçar a atratividade da carreira, motivando os professores a manterem-se numa carreira outrora prestigiada e acarinhada.
Se não investirmos agora em quem forma o futuro, o preço a pagar será incalculável.