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O Banquete

A República de Platão é o livro mais conhecido do filósofo grego. Contudo, em "O Banquete", também conhecido como Simpósio, Platão vai discutir as naturezas do amor e da alma.

Educação em suspenso: entre promessas de negociação e desafios persistentes

06.01.25 | Servido por José Manuel Alho

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Imagem retirada daqui

2.º período letivo arranca hoje e será marcado por desafios em altura de “todas as negociações”, avisam diretores

 

O ano de 2025, na Educação, apresenta um quadro gasto nos seus contornos essenciais, antecipando os avanços e os retrocessos costumeiros, que já marcaram o início de tantos anos letivos. Os problemas estruturais são crónicos e a fragilidade das soluções implementadas atá agora confirmam o imperativo de, finalmente e entre outros, remunerar condignamente os professores em todos os escalões e índices da carreira docente.

Pontos críticos:

  1. Falta de Professores
    A escassez de docentes, anteriormente circunscrita ao sul, agora alastra-se para o centro e norte, confirmando que o problema não é episódico, mas estrutural. A ausência de uma estratégia robusta para atrair e reter professores continua a penalizar o sistema educativo. Substituições ineficazes comprometem a continuidade pedagógica, prejudicando diretamente os alunos. Até quando se tentará "tapar o sol com a peneira"?
  2. Impacto das greves
    Oito dias de greves, maioritariamente convocadas pelas forças sindicais representativas do pessoal auxiliar, no primeiro período, evidenciam uma insatisfação generalizada e uma máquina administrativa incapaz de mediar conflitos com agilidade. No entanto, a frequência das paralisações às sextas-feiras pode ser vista como um sintoma da falta de alternativas eficazes para pressionar um poder político que parece habituado à contestação. Este padrão de greves é, de igual modo, um espelho do desgaste mútuo entre trabalhadores e administração.
  3. Assistentes Operacionais em crise
    Com a remuneração próxima ao salário mínimo e condições de trabalho aquém do aceitável, a precariedade deste grupo coloca em xeque o funcionamento diário das escolas. Não será utópico esperar que quem mal ganha para viver desempenhe com excelência funções tão cruciais? A ausência de valorização reflete o descaso histórico com estes profissionais.
  4. "Paz e Estabilidade": realidade ou retórica?
    Embora Filinto Lima, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, mencione um ambiente de maior calma, que resulta do acordo alcançado para a reposição faseada do tempo de serviço dos professores, a descrição geral parece contradizer esse otimismo. A tal "estabilidade" será, no máximo, uma trégua precária. Entre outr@s, urge devolver a autoridade aos professores, erradicar a burocracia que esmaga o quotidiano daqueles profissionais, sanar as iniquidades que penalizam selvaticamente os monodocentes e garantir uma gestão efetivamente democrática das escolas públicas.
  5. Negociações prometidas
    A "esperança" depositada nas negociações dos próximos meses corresponderá mais a uma fórmula retórica para adiar soluções verdadeiramente transformadoras. Os temas apontados, como a revisão do estatuto da carreira docente – sinalizo, a este propósito, que Mário Nogueira, o Secretário-geral da Fenprof - Federação Nacional dos Professores, cessará funções quando as negociações terminarem… – e a criação de um estatuto para diretores, já vêm de longa(s) data(s). A urgência e a rapidez de atuação requeridas pela debilidade da situação a que o setor chegou contrastarão com a lentidão endémica que sempre caracterizou a intervenção do poder governativo.

Em conclusão, o setor da Educação segue refém de um círculo vicioso: problemas previsíveis (e há muito identificados) enfrentam soluções tímidas ou adiadas. Enquanto alunos e professores recuperam energias, paira a dúvida se este esforço coletivo não será novamente drenado por um sistema incapaz de priorizar o essencial: o ensino e a aprendizagem. Resta saber se o segundo período será um marco firmado por mudanças reais ou por mais um capítulo na velha novela dos "avanços tímidos e desafios persistentes".