Educação | promessa do ME para negociações pode ser engodo para mansos.
Foto retirada daqui
Num momento em que enfermeiros e médicos - e muito bem! - vêem contabilizado, com efeitos retroativos (!), todo o tempo de serviço e aumentado o recebimento de todo o tipo de verbas e suplementos, será que os professores, qual casta inferior, viverão neste mesmo país e serão governados pelo mesmo governo?
Soube-se ontem que a antecipação do encontros negociais entre o Ministério da Educação (ME) e os sindicatos de professores para os dias 18 e 20 de janeiro assinalou, de igual modo, a disponibilidade da tutela para analisar "uma proposta de calendário negocial sobre outras matérias".
Importa aqui notar que, infelizmente, não existe um clima de confiança entre o ME e os professores para prosseguir com qualquer tipo de negociação fiável e séria - tantas foram as patranhas e os gelados na testa infligidos aos sindicatos tradicionais - sem, ANTES, avançar com uma medida (extinção das quotas de acesso aos 5º e 7º escalões ou a contabilização integral dos mais de seis anos não devolvidos pelo Estado aos docentes). Sem esse sinal, concreto e tangível, de boa-fé, qualquer processo negocial poderá não passar de um logro, de mais um simulacro inapelavelmente condenado ao fracasso.
Acresce a tudo isto que nem a tutela ousa especificar que "outras matérias" quer calendarizar. Estão lá todas as bandeiras vermelhas de alerta. Que o mundo sindical docente não se predisponha a ser comido de cebolada.
Anda por aí uma organização nacional de Pais, com comunicados insensatamente vexatórios, onde, no essencial, preconiza que o bom mesmo seria limitar, a mínimos simbólicos, o direito à greve dos Professores. Os punhos e os dedos daquela confederação estão de tal forma rijos e perros que, em nenhum parágrafo dos seus toscos arrazoados, reconhece que uma escola pública de qualidade passa por contar com professores valorizados e estimados, com carreiras dignificadas, resolvendo, desde logo, a clamorosa injustiça do tempo de serviço esquecido, já efetivamente prestado e sobre o qual os docentes portugueses já pagaram todos os impostos!
Num momento em que enfermeiros e médicos - e muito bem! - vêem contabilizado, com efeitos retroativos (!), todo o tempo de serviço e aumentado o recebimento de todo o tipo de verbas e suplementos, será que os professores, qual casta inferior, viverão neste mesmo país e serão governados pelo mesmo governo?
Por fim, o requerimento «ainda na reunião de 29 de novembro, formalizado no dia 30» para o envio das «atas das reuniões e as gravações áudio das mesmas." já foi deferido?
Os dirigentes sindicais que revelem a argamassa de que são feitos e das duas uma: ou as reuniões deixam de ser gravadas ou ambas as partes (sindicatos e ME) munem-se, cada uma, dos seus dispositivos de gravação e resolve-se, esclarecendo-se, o problema sobre a quem aproveitará a propagação da mentira. Ou a ocultação da verdade.