Ensaios de ModA: preparação ou preocupação?
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ModA: avanço digital na avaliação
ou repetição de velhos erros?
O “DN” (ver AQUI) já começou a divulgar alguns dos pormenores atinentes à introdução das Provas de Monitorização da Aprendizagem (abreviadamente designadas de ModA), que será, afinal, acompanhada de um ensaio em fevereiro de 2025. Estamos perante (mais) uma tentativa da tutela, apresentada com o intuito de, supostamente, modernizar e organizar o sistema de avaliação externa em Portugal. Este esforço, segundo o MECI, visa garantir uma transição eficaz para o formato digital, ao mesmo tempo que – afiançam os mais românticos – corrigirá problemas estruturais enfrentados no passado.
Pela positiva
A decisão de realizar um ensaio prévio refletirá – aceito-o – uma preocupação com o planeamento e com a identificação precoce de insuficiências ou até mesmo de falhas crassas. Em complemento, nota para a criação de um orçamento específico para reparação de equipamentos diretamente nas escolas, em vez de centralizar os consertos em Lisboa, que se afigura uma medida prática que poderá combater os costumeiros atrasos. Além disso, creio que o uso de enunciados reutilizáveis nos exames permitirá uma análise mais contínua e aprofundada da evolução do ensino, promovendo uma visão de longo prazo.
Pela negativa
Apesar da antecipação, as infraestruturas informáticas continuam a ser um ponto crítico. A existência de "milhares de computadores guardados à espera de serem arranjados" evidencia uma gestão ineficiente de recursos. Por outro lado, confiar que todas as escolas realizarão adequadamente os ensaios e prepararão os alunos no uso da plataforma digital poderá, no limite, criar disparidades regionais e sociais. Finalmente, o registo dos resultados no boletim do aluno, mesmo que sem peso na nota, poderá gerar ansiedade desnecessária em alunos e pais.
Em conclusão – e porque entendo fazer mais sentido que estas provas aconteçam nos anos terminais de Ciclo – parece que a implementação das ModA, bem como as mudanças associadas, demonstrarão alguns avanços na digitalização da avaliação, mas continuam a levantar sérias questões quanto à capacidade real de execução/operacionalização. O sucesso, como facilmente se compreenderá, dependerá de uma supervisão eficaz do MECI, da cooperação entre escolas e da mitigação de desigualdades no acesso às ferramentas digitais. Caso contrário, corre-se o risco de repetir as falhas do passado. Em boa verdade, a implementação bem-sucedida destas provas exigirá uma supervisão rigorosa e uma abordagem inclusiva que a tod@s responsabilizará.