Ensino | pensamentos e reflexões sobre Avaliação (II)
Ensinar – Aprender – Avaliar
Procuro, de forma sistemática, mas nem sempre conseguida, que a minha prática sirva o propósito maior de, na Escola, todos participarmos na construção de um futuro em que possamos ser correalizadores do nosso destino. Creio até que esse sempre foi, é e será o desígnio maior da Escola e da minha profissão.
Daí que aposte em valores, em tudo dissonantes, das trinta e uma narrativas descritas no artigo “Os demónios da avaliação: memórias de professores enquanto alunos”, (Matias Alves, José, Cabral, Ilídia: 2015). Trata-se de relatos intoleráveis de abuso de poder, assentes na arbitrariedade, frustração, humilhação, discriminação, ofensa, distância e até na violência, que há muito importa erradicar e prevenir.
Se professor é sentir empatia pelo outro, principalmente, pelo aluno. Ou como muito bem ressalvou Paulo Freire, não há “docência sem discência, não há docência sem querer bem (o bem) aos educandos”.
Ensinar é, para mim, aceitar uma nova centralidade enquanto mediador que harmoniza diferentes premissas necessárias à vida como: o conhecimento, o afeto, o cuidado e a tolerância, muito para além das dimensões técnica e científica.
Daí que o papel do aluno seja o de ator principal, que beneficia da ação do professor mediador, ponderada para oferecer ao discente o protagonismo para integrar o conhecimento, com os inputs do mundo contemporâneo. E com que finalidade? Lembrando a célebre frase de forma Olivier Reboul: “Vale a pena ser ensinado tudo o que une e tudo o que liberta. Tudo o que une, isto é, tudo o que integra cada indivíduo num espaço de cultura e de sentidos.”
Concorre para esse fim o trabalho colaborativo entre professores, por contraponto à ação docente individualista e solitária, em resumo, uma profissionalidade interativa (Fullan & Hargreaves, 2001) que construa uma genuína comunidade profissional de aprendizagem.
Como é que esses princípios e valores estão presentes na organização das aulas? E na organização da avaliação?
Esses valores e princípios traduzem-se num investimento diário, que prioriza a empatia com todos e com cada um dos alunos. Desde o acolhimento – faço-o, individualmente, ao início da manhã, à entrada para a sala – até aos planos de aula que privilegiam a diferenciação pedagógica, burilada, em trabalho associativo, com as colegas da Educação Especial e Inclusiva e das Medidas de Promoção do Sucesso Escolar.
Faço-o prestando atenção aos pormenores, dentro e fora da sala de aula. Mas, na sala, procuro ter gestos que revelem a minha humanidade, gestões de atenção, de escuta que expressem o meu apreço, o meu reconhecimento e o meu compromisso com os alunos.
Em consequência, a avaliação está organizada para, mais do que ser provadamente contínua, ser tendencialmente formativa. Aposto na definição, atempada e clara, dos objetivos das aprendizagens, com métodos e abordagens variados para aferir da compreensão do aluno. Esforço-me diariamente por envolver os meus alunos nos processos de aprendizagem, estabelecendo meios e formas de lhes dar feedback do seu desempenho para os compatibilizar com as necessidades diagnosticadas.
Imagem Freepik