Fraude Sem Fronteiras: quando o oportunismo humano vence a falência do Sistema
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Portuguesa a viver no Luxemburgo detida em Espanha por burlar Segurança Social dos dois países
Mulher recebeu 17 mil euros em pagamentos atrasados da segurança social espanhola.
Oportunismo, reincidência e a falência dos sistemas de controle
Eis um exemplo gritante daquilo que o oportunismo humano, aliado a falhas gritantes de fiscalização, pode gerar. Uma mulher que, pela segunda vez, é detida sob suspeita de fraude contra o sistema público (desta vez, em dois países ao mesmo tempo) não será apenas um caso isolado. Afigura-se como sintoma de uma doença crónica: sistemas sociais que, em nome da proteção dos mais vulneráveis, se tornam terreno fértil para toda a sorte de abusos.
A saga começa com subsídios de desemprego simultâneos em Espanha e no Luxemburgo, segue com habitação social a preço reduzido e estende-se a um leque invejável de prestações sociais. Tudo amparado por documentos que, ao que tudo indica, foram habilmente manipulados para enganar dois Estados diferentes. O oportunismo aqui é mais do que evidente. É meticulosamente calculado. E o que dizer de alguém que, mesmo após um histórico de fraude em 2016, continua a beneficiar de lacunas na fiscalização? Parece que reincidir, neste caso, será mais uma estratégia do que um descuido.
Mas quem são os culpados?
Além da suspeita, os Estados têm muito a esclarecer. Como é possível que uma pessoa receba, simultaneamente, subsídios de dois países sem que as campainhas de alarme sejam disparadas? Será que as instituições que gerem os subsídios não têm mecanismos básicos de cruzamento de dados? A denúncia anónima foi o que deu início a esta investigação – ou seja, se ninguém tivesse falado, a fraude provavelmente continuaria. É este o nível de "controle" que queremos?
A necessidade de reforçar a fiscalização é, por isso, urgente. Os sistemas sociais existem para ajudar os mais necessitados, não para serem saqueados por oportunistas profissionais. Mas isso exige tecnologia de ponta, acordos transnacionais eficientes e uma vontade política que, convenhamos, muitas vezes parece mais interessada em manchetes do que em soluções estruturais.
E a punição?
Libertada após ser presente a tribunal. É difícil não questionar: que mensagem está a ser passada? Que as consequências para fraudes reiteradas são leves? A falta de punições exemplares acaba por ser um convite a novos abusos. E os verdadeiros prejudicados são os que realmente precisam de apoio social – mas encontram os cofres vazios.
Este caso não é apenas sobre uma mulher que burlou sistemas sociais. É sobre a falência de mecanismos de proteção pública que deveriam garantir justiça e apoio equitativo. Até que a fiscalização seja exemplar e as punições severas, continuaremos a assistir a histórias como esta: onde a esperteza de uns mina o sistema que deveria, afinal, proteger muitos.