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O Banquete

A República de Platão é o livro mais conhecido do filósofo grego. Contudo, em "O Banquete", também conhecido como Simpósio, Platão vai discutir as naturezas do amor e da alma.

Meta, Elon Musk e o controlo digital: quem sai a ganhar?

09.01.25 | Servido por José Manuel Alho

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Imagem retirada daqui

Meta troca verificadores de factos

por notas da comunidade.

Que efeitos vai ter no Facebook e Instagram?

 

Na sequência desta notícia, parece que Mark Zuckerberg terá aprendido (ou não) uma lição fundamental: quando a corda aperta, é melhor deixar que os próprios utilizadores desenrolem o nó. A substituição do programa de verificação de factos por um sistema de "notas da comunidade" assemelha-se a uma tentativa, pouco discreta, de lavar as mãos das controvérsias em torno da censura e da moderação excessiva. A inspiração vinda do modelo do X (antigo Twitter) de Elon Musk, um espaço frequentemente acusado de fomentar polarização através de dicotomias simplistas, levanta mais dúvidas do que certezas. Atentemos:

Moderação pela comunidade: Democracia ou caos?

O conceito de deixar os utilizadores decidirem o que é "contexto útil" pode parecer democrático, mas será eficaz? A verdade é que a velocidade com que a desinformação se espalha nas redes sociais é brutal, e o sistema de "notas da comunidade" arrisca ser demasiado lento. Quando as notas chegam, o estrago pode já estar feito.

Além disso, acreditar que pessoas, com visões extremadas, irão colaborar em nome da verdade comum é, no mínimo, utópico. Num cenário político e social tão dividido, onde até factos científicos se tornam reféns de ideologias, é de prever que a "moderação da comunidade" crie mais ruído do que soluções fiáveis.

De censura excessiva à falta de controlo

A Meta, ao reconhecer os erros do passado – incluindo o excesso de zelo na moderação durante a pandemia – parece agora pender para o outro extremo: um sistema em que os utilizadores ditam as regras. É um salto perigoso. Retirar o controlo centralizado pode reduzir erros, mas também abre espaço para a proliferação de conteúdo prejudicial antes que qualquer "nota" consiga equilibrar a balança.

Se por um lado é compreensível a frustração dos utilizadores com a censura injusta (a famosa "prisão do Facebook"), por outro, delegar a responsabilidade de moderação a uma comunidade amplamente anónima e sem formação específica é, no mínimo, arriscado.

Uma estratégia de marketing ou real mudança?

É inevitável questionar o timing desta decisão, especialmente à luz das eleições presidenciais nos EUA e da necessidade de atrair utilizadores descontentes com outras plataformas. Será esta mudança uma jogada para reconquistar confiança e atrair tráfego, ou um verdadeiro esforço para combater a desinformação?

A Meta – tal como o X – não está a abdicar do poder, apenas a reformulá-lo sob o manto da "transparência" e da "participação comunitária". No entanto, a eficácia deste modelo dependerá de como (e se) a empresa conseguirá evitar a manipulação e o enviesamento nas "notas da comunidade".

Entre dois erros

Em conclusão, passar de um sistema centralizado e autoritário para um modelo caótico e sujeito a falhas humanas, não resolve o problema da desinformação, apenas troca um conjunto de problemas por outro. No fim, o grande vencedor parece ser a Meta, que lava as mãos de acusações de censura e deixa a responsabilidade na comunidade, enquanto mantém os lucros.

Será que os utilizadores – e a democracia digital – ganharão alguma coisa com esta transição de modelos? Só o tempo dirá. Até lá, Zuckerberg continuará a jogar o velho jogo de mover peças no tabuleiro para evitar ser (ele) o rei derrubado.

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