Motivar: acender tochas, não acender velas ao sistema

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Motivação: esse fogo que se transmite sem se apagar
Ensinar é, em muitos dias, acender fósforos ao vento. Uns apagam-se logo. Outros tremeluzem. Mas há aqueles que, com sorte e jeito, pegam fogo e iluminam o mundo. A motivação, nesse processo, é tanto o fósforo como o gesto de quem o acende. Não se impõe, desperta-se.
Maria Montessori dizia que “a primeira tarefa da educação é agitar a vida, mas deixá-la livre para se desenvolver”. E é nessa vibração subtil que a motivação acontece: quando um aluno percebe que é protagonista, não figurante; quando compreende que a aprendizagem não é um castigo, mas uma possibilidade de transformação.
Platão, no seu "Mito da Caverna", recordava-nos que sair da escuridão para a luz pode ser doloroso, mas é o único caminho para ver o mundo tal como ele é. O professor motivador é o que oferece a mão nesse percurso, mas não carrega ninguém às costas. Mostra a saída, acende a tocha e espera. Porque motivar não é empurrar: é fazer nascer o desejo de andar.
E como dizia Paulo Freire: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. A motivação não é um prémio, nem uma cenoura à frente do burro. É a centelha que transforma o esforço em sentido e o saber em prazer.
No fundo, motivar é acreditar antes dos outros, desejar antes deles e resistir com eles. Mesmo nos dias em que a sala de aula parece uma trincheira e o programa curricular, um muro de Berlim.