Natal: entre o Ter e o Ser – a busca pelo essencial
Esta frase de Nigel Marsh é uma reflexão mordaz sobre as armadilhas do consumismo e encaixa-se perfeitamente na época natalícia em curso, uma altura em que o frenesim das compras e a ostentação eclipsam, muitas vezes, o verdadeiro espírito da celebração. O Natal, que deveria ser um tempo de introspeção, generosidade e de conexão humana, transforma-se, para muitos, numa corrida estafante para cumprir expectativas sociais artificiais.
O desespero gritante descrito na frase não é só uma metáfora para a condição laboral de exaustão, mas também para a alienação emocional de uma sociedade que valoriza mais o ter do que o ser. Quantos sacrifícios são feitos para sustentar este teatro de consumo desenfreado, onde o presente mais caro esconde, demasiadas vezes, a falta de tempo ou de afeto genuíno? E quão irónico é que, numa quadra que deveria simbolizar a partilha e a simplicidade, muitos acabem reféns de empregos que odeiam, acumulando dívidas para comprar "coisas que não precisam"?
Talvez o Natal devesse servir como uma pausa retemperadora para questionarmos este ciclo perversamente vicioso. O que é que realmente nos traz felicidade? É impressionar os outros ou criar momentos verdadeiros com as pessoas que amamos? No final das contas, não é o tamanho nem tampouco o preço do presente que conta, mas o espaço que abrimos no coração para aquilo que é verdadeiramente essencial.