O GPS do bom gosto: quando o fumeiro guia a viagem

Há quem pendure trevos de quatro folhas no retrovisor, dados felpudos ou santinhos a velar pela viagem. Mas há, também, os visionários, os pragmáticos, os que sabem que a verdadeira felicidade reside nos prazeres palpáveis.
Dois enchidos, robustos e promissos, baloiçam desafiadoramente do espelho retrovisor de um carro, qual bússola gastronómica a apontar o caminho para um destino de puro deleite. Não são meros ornamentos, são um manifesto: "Para onde vamos? Para onde houver sabor! Que paisagem importa mais do que aquela que nos enche o estômago e a alma?"
Esta é, porventura, a prova irrefutável de que, para alguns, a estrada da vida é melhor percorrida com as provisões à mão, sempre visíveis, a lembrar o propósito maior da jornada. Uma viagem que não será, certamente, insípida. É a arte de transportar os valores essenciais, sem rodeios ou falsos pudores, para o centro do nosso campo de visão. O olfato, esse, já está a ser devidamente estimulado, antecipando o banquete.
