Orçamento para as pessoas ou desculpa para os buracos?
A velha retórica do “orçamento para as pessoas” continua a ser um refúgio confortável para quem tenta justificar escolhas políticas discutíveis ou, assustadoramente, invertidas. É claro que cuidar de quem mais precisa é essencial – ninguém discordará. Mas usar este argumento como escapatória para negligenciar infraestruturas básicas, como estradas em condições, passeios transitáveis ou árvores podadas, é simplista e redutor. Afinal, as "pessoas" também precisam de segurança e qualidade de vida. E isso inclui vias transitáveis.
Compromissos com as pessoas não são incompatíveis com uma gestão equilibrada: é possível (e necessário) investir em apoios sociais sem abandonar o desenvolvimento estrutural. Reduzir o debate a uma falsa dicotomia entre cuidar das pessoas e tapar buracos é, no mínimo, um sinal de miopia estratégica – e, no máximo, uma desculpa conveniente para desviar atenções de prioridades mal geridas ou até mesmo mascarar obra que, afinal, não foi feita.