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O Banquete

A República de Platão é o livro mais conhecido do filósofo grego. Contudo, em "O Banquete", também conhecido como Simpósio, Platão vai discutir as naturezas do amor e da alma.

Professores ameaçados, silenciados e abandonados: a vergonha do bullying docente

07.02.25 | Servido por José Manuel Alho

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O recente inquérito do movimento Missão Escola Pública lança um alerta gravíssimo: mais de metade dos professores em Portugal já foram vítimas de bullying, mas a maioria sofrerá em silêncio. O dado é avassalador e expõe um ambiente de trabalho hostil, onde ameaças, coação e agressões físicas se tornaram parte da rotina. Quando um professor relata ter sido ameaçado com uma arma de fogo e a resposta institucional terá sido o silêncio, fica claro que o problema deixou de ser um desvio pontual para se tornar um sintoma de colapso do sistema educativo.

 

Sinais/campainhas de alarme

  1. Agressões normalizadas: O facto de a maioria dos professores já ter sofrido bullying demonstra que a violência contra docentes não é um caso isolado, mas um padrão em perversa generalização.
  2. Baixas médicas em alta: 15% dos professores já estiveram de baixa devido ao bullying, o que agrava, ainda mais, a carência de docentes no país.
  3. Medo de denunciar: Apenas 18% dos professores reportaram os incidentes, citando a falta de apoio das direções e o desamparo institucional.
  4. Coação e intimidação generalizadas: Mais de 43% dos docentes sofreram coação profissional, com direções escolares a pressioná-los para atribuir melhores notas e aceitar sobretrabalho forçado.
  5. Alunos como principais agressores: A violência não parte apenas dos estudantes, mas também de pais, colegas e direções escolares, revelando um problema estrutural de absoluto desrespeito pela classe docente.

 

A quem compete inverter esta situação? A responsabilidade recai diretamente sobre o Ministério da Educação, as direções escolares e as autarquias, mas também sobre a sociedade como um todo. Se permitirmos que os professores sejam tratados como alvos fáceis, estaremos a hipotecar, de forma criminosa, a qualidade da Educação e a dignidade da profissão.

 

Medidas urgentes e eficazes

  1. Reforço da autoridade do professor: Apesar de já ter sido prometida, urge criar legislação clara que garanta respeito e punição efetiva para agressões verbais e físicas contra docentes.
  2. Gabinetes jurídicos municipais: Professores precisam de acesso imediato a aconselhamento legal para que denunciem abusos sem medo de represálias.
  3. Presença de vigilantes nas escolas: A figura do vigilante nos recreios e corredores, nas escolas de todos os níveis de ensino, é essencial para prevenir e conter episódios de violência.
  4. Campanha nacional de sensibilização: Assim como existem iniciativas contra o bullying entre alunos, é necessário – repito o que já aqui defendi em numerosas ocasiões – combater o bullying contra professores, mudando mentalidades.
  5. Supervisão externa das direções escolares: O abuso de poder por parte das direções deve ser monitorizado e sancionado.

 

Em conclusão, o que este inquérito revela não é apenas um problema de violência nas escolas, mas um estrondoso falhanço sistémico na proteção dos professores. Quando quem ensina e forma gerações é tratado com desdém e medo, toda a sociedade perde. A passividade das autoridades terá de ser substituída por ação imediata e inequívoca. Professores silenciados significam um ensino enfraquecido – e um futuro comprometido. Está na hora de dar resposta ANTES que a profissão docente se torne uma sentença de desgaste e abandono.