Provas de Aferição - urge reconhecer o erro.
Não defendo as Provas de Aferição (PA) nos exatos termos em que são aplicadas.
No caso mais clamoroso - o do 1º Ciclo - elas fariam sentido somente no 4ª ano. Assim, os resultados obtidos, bem como o leque de conclusões que deles se poderia retirar, não significam especiais ganhos. Desde logo porque, em caso de deteção precoce de dificuldades, não são alocados outros recursos para recuperar os alunos. As ilações ditarão, quando muito, a obrigatoriedade de refletir, de criar mais projetos e de conceber outros grelhados que assoberbarão (ainda mais) os professores com documentação usualmente inócua. A tutela não tem feito a sua parte.
Este ano, com a inovação de serem realizadas digitalmente. As crianças do 1º Ciclo carecem de aperfeiçoar a sua motricidade fina e a competência caligráfica, por muito que @lguns entendam não estar na moda, é crucial. De resto, subscrevo a posição da Fenprof quando também assinala "Ao exigir que todas as escolas participem nas provas de aferição em suporte digital, e não apenas as que consideram ter já capacidade tecnológica e competências digitais dos envolvidos neste processo (tal como no ano anterior), o ME introduz também como objetos de avaliação infraestruturas, conetividade, acesso a equipamentos digitais, bem como a consistência das competências para o uso de plataformas, distanciando-se ainda mais do objeto e propósito enunciados para estas provas."
Por exemplo, pedir a alunos de 7 anos de idade para imitarem o som e o movimento de uma minhoca e de um sapo cego (qual será o som de um sapo com visão?!) roça a fatuidade científica, pedagógica e didática.
A Prova de Aferição de Educação Artística. Sobre guiões, por uma questão de higiene e sanidade intelectuais, faço questão de não os adjetivar. No entanto, urge apelar ao bom senso, exigindo, pelo menos, que as tarefas propostas sejam exequíveis no tempo inicialmente estipulado, evitando cair no cinismo de alertar que as provas só estarão concluídas quando todos os alunos forem avaliados. De resto, é premente devolver ao 1.º Ciclo o conhecimento e a sensibilidade quem sabe da poda. Especialistas de gabinete poderão não ser garante suficiente de equilíbrio e razoabilidade. Por exemplo, pedir a alunos de 7 anos de idade para imitarem o som e o movimento de uma minhoca e de um sapo cego (qual será o som de um sapo com visão?!) roça a fatuidade científica, pedagógica e didática.
Sobre a Diferenciação Pedagógica. Matam-se os professores, recorrendo a ousadas - mas pouco valoradas - estratégias que garantam a diferenciação pedagógica para alunos com medidas universais, medidas seletivas e medidas adicionais e, no momento da Provas de Aferição, todos parecem ser metidos no mesmo saco, sem direito a adaptações dimensionadas e proporcionadas à especificidade inserta no seu RTP (Relatório Técnico-Pedagógico). Será que, no Ministério da Educação, o conceito de diferenciação pedagógica (só) foi criado para a (rasa) arraia-miúda implementar? Afinal, de quem deveria vir o exemplo? Ou a diferenciação pedagógica, para a tutela, resumir-se-á à leitura de enunciados e à concessão de tempo suplementar para a realização das provas?
Processo pesado e hiperburocratizado. Seria de esperar que, numa atmosfera de economia digital, o processo de preparação e de implementação destas PA fosse mais enxuto em vez de se revelar esta desagradável e mui penosa surpresa. Pesado. Hiperburocratrizado. Extenuante. Um dia destes, será preciso ir a Coimbra cursar uma qualquer variante para estar habilitad@ a cumprir com todas as minudências requeridas.
Em conclusão, importaria reconhecer o erro de continuar a promover, nestes termos, as Provas de Aferição. Corresponderia a um ato de inteligência. Natural.