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O Banquete

A República de Platão é o livro mais conhecido do filósofo grego. Contudo, em "O Banquete", também conhecido como Simpósio, Platão vai discutir as naturezas do amor e da alma.

Reforma ou gestão de expectativas? Uma recomendação que fica aquém

05.12.24 | Servido por José Manuel Alho

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Imagem Freepik | meramente ilustrativa

A Recomendação n.º 01/2024, emanada pelo Conselho das Escolas – haverá quem o trate por Conselho dos Diretores… – apresenta propostas com alguma relevância, mas também legitima um diagnóstico preocupante sobre a gestão e valorização da carreira docente em Portugal. Embora sejam louváveis as intenções de dignificar a profissão, aumentar a atratividade para os jovens e rever os entraves à progressão, a proposta peca por insistir em mudanças pouco expressivas em vez de abordar as raízes estruturais dos problemas do nosso sistema educativo.

A avaliação de desempenho docente, por exemplo, continua a ser tratada como um desafio técnico-administrativo, ignorando o impacto nas relações de poder internas às escolas e a subjetividade inerente aos processos avaliativos em vigor.

Já a autonomia e a gestão escolar são tratadas de forma ambígua: o reforço da autonomia das escolas, na prática, parece condicionado à figura do diretor, cuja centralização de poder é alarmante. Propostas como a seleção do diretor por concurso e a liberdade de escolha da equipa refletirão um desejo de maior controle hierárquico, mascarado de eficiência. Tal abordagem continuará a enfraquecer o espírito democrático na gestão escolar e a desmotivar a comunidade educativa.

Finalmente, a recomendação ignora o impacto das condições socioeconómicas e a falta de recursos estruturais nas escolas. Mais autonomia sem um financiamento adequado é, apenas, descentralização de responsabilidades, perpetuando desigualdades. Assim, esta proposta, embora bem-intencionada, carece de uma visão verdadeiramente transformadora para o futuro da Educação em Portugal.