Sobre a greve dos professores.
Hoje, é dia de greve dos professores, convocada pelo Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE).
Respeito mas não aprecio greves que possam ser encaradas como expediente para as famosas "pontes" ou das que se agendam para a sextas-feiras de modo a prolongar fins-de-semana. É minha convicção de que acabam por ter um efeito pernicioso e até contraproducente, que não convencem nem ganham a opinião pública.
No entanto, se há classe profissional que tem motivos (ver aqui, aqui, aqui e aqui) para se sentir profundamente maltratada é a docente. Nesta matéria, não há imaculados. Da direita à esquerda, tem sido um fartar de iniquidades, que já vem do início deste século. Estranhamente, quem deveria motivar, acarinhar e valorizar os professores aparenta estar mais apostado em chicoteá-los no pelourinho onde se exalta a ira da populaça. É que já nem ao (poderoso) instituto da palavra recorrem!
Infelizmente, as grandes federações sindicais - absolutamente essenciais à regulação e fortalecimento do mundo laboral - têm acumulado fracassos e derrotas retumbantes. O atual modelo de representação sindical, tal qual o conhecemos, está ultrapassado. As lideranças, há muito cristalizadas no cargo, parecem não aceitar que chegou o momento da saída. É preciso um refrescamento geracional, que garanta maior eficácia e melhor representatividade.
Atualmente, estas lideranças sindicais têm a força que resulta da sua credibilidade junto dos seus associados: pouca. Poucochinha.
Aliás, não se compreende que, perante tão volumoso chorrilho de injustiças, os sindicatos de professores - persistentes na denúncia da falta de auscultação e de negociação da tutela com os parceiros - não tenham sido consequentes, recorrendo, mais vezes, aos tribunais.
E depois lembramo-nos das perversidades que foram impostas aos monodocentes, com a cumplicidade vexatória dos seus representantes. Uma nódoa que arruinou a coesão da classe.
À semelhança do que acontece com o setor da Educação progressivamente entregue às autarquias, também no mundo sindical existem numerosas oportunidades para mudar e inovar. Se bem que nem toda a mudança signifique inovação. Ao contrário: toda a inovação implica uma mudança.