Sobre as Legislativas, o sistema eleitoral e o voto em pioneses no mapa.
A 30 de janeiro - antecipo-o sem grande temor - o processo que vem afastando os eleitores dos (seus) eleitos conhecerá novo e alarmante episódio.
A coisa não é nova e até parece em vias de normalização tal é a falta de vontade dos protagonistas que temos no burgo. Mesmo na fase constituição das listas partidárias, temos assistido ao inusitado corrupio de voos e aterragens, que ditaram a deslocação de múltiplas personalidades para distritos onde não consta que tenham o mais ténue vinculo com aquelas comunidades.
O mesmo, aliás, já sucedera nas últimas autárquicas quando - atente-se no cúmulo do descaramento - houve cabeças de lista que nem sequer eram eleitores no Município onde se candidatavam! Os mesmos que, durante a campanha, com cinismo e hipocrisia q.b., arrotaram longas prédicas sobre a importância de aproximar as populações dos políticos, promovendo o escrutínio, a transparência e a ligação ao território a que (supostamente) deveriam pertencer. Enfim, retalhos de um entendimento criativo da tão maltratada, mas recorrentemente invocada, ÉTICA republicana, tomada como um inconfessável rosário de apeadeiros e corrompida em troca de uns míseros likes.
Mas voltemos à questão do sistema eleitoral. Na verdade, falta somente vontade política. Nem seria necessário rever a Constituição porque, no seu Artigo 149º, existe uma opção que mereceria maior e melhor investimento. Se acaso houvesse vontade.
Não havendo, continuaremos e votar em meros pioneses no mapa, que ninguém conhece e atrás de quem ninguém vai. Para esses, não há(verá) accountability possível.
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